Crioablação no tratamento de câncer de mama

Recentemente a crioablação tem sido divulgada como terapia inovadora no câncer de mama. De fato, esta é uma novidade na maioria dos países, incluindo os Estados Unidos e o Brasil, mas bastante promissora se utilizados os critérios de seleção e um ótimo trabalho multidisciplinar envolvendo o(a) cirurgiã(o) de mama, o(a) oncologista clínico e o(a) radiologista intervencionista.

“Nos últimos quinze anos conseguimos tratar com eficácia diversos pacientes que atendi no meu consultório e aqui na clínica CIBLE utilizando a técnica de crioablação e que apresentavam diversos tipos de tumores como os tumores renais, ósseos, pulmonares, de cabeça e pescoço. Percebo também que, ao longo da minha trajetória de mais de 15 anos de pesquisa da crioablação, essa técnica vem expandido sua área de atuação com sucesso. Em relação ao câncer de mama, os trabalhos recentes são consistentes e têm mostrado resultados promissores com este procedimento que potencialmente pode substituir a cirurgia convencional em pacientes selecionadas.”

Dr. Ricardo Freitas – médico diretor clínica CIBLE

A aceitação de novas técnicas de tratamento pela comunidade médica é muitas vezes gradual, o que protege a população de terapias ineficazes. Por outro lado, quando as evidências indicam forte consistência nos resultados, a nova terapia passa a ser aceita e se estabelece. A seguir, comentamos um pouco mais sobre este assunto.

Procedimentos minimamente invasivos

Procedimentos como a crioablação do câncer de mama são opções que podem ser utilizadas para destruir tumores sem a necessidade de uma cirurgia convencional no tratamento do câncer de mama em estágio inicial. E por ser um procedimento percutâneo e ambulatorial realizado sob anestesia local, a crioablação do câncer de mama reduz bastante ou mesmo elimina riscos como os seromas, hematomas ou infecções pós-operatórias.

Essas técnicas minimamente invasivas resultam em menos dor, menor tempo de recuperação e, muitas vezes, preservação do tecido saudável ao redor do tumor. Isso é especialmente importante para as pacientes que não desejam a cirurgia convencional por diversos motivos, sejam por motivações filosóficas, preocupações de saúde ou outras razões, como manter a estética da mama.

Dados de estudos clínicos

Ainda não há até o momento estudos clínicos randomizados concluídos comparando a crioablação do câncer de mama e a mastectomia (há um estudo atualmente em andamento com o objetivo de incluir 256 participantes nos Estados Unidos COOL-IT). Por outro lado, os resultados do ICE3 Trial, um estudo prospectivo de braço único, não randomizado e multicêntrico baseado nos Estados Unidos demonstrou uma taxa de 2,06% de recorrência local entre mulheres tratadas com crioablação ao invés da cirurgia convencional (mastectomia). Foram incluídas mulheres com mais de 60 anos, estágio I (tumores menores ou iguais a 1,5 cm), receptor de estrogênio positivo e ou receptor de progesterona positivo, HER2 negativo e câncer ductal invasivo. Das participantes deste estudo, 75% receberam terapia hormonal e somente 14% receberam radioterapia externa. Apesar do uso infrequente de radioterapia adjuvante, a baixa taxa de recorrência local do câncer observada neste estudo é comparável às taxas de recorrência relatadas por estudos clínicos padrões de mastectomia e radioterapia.

Trabalho multidisciplinar no tratamento do câncer de mama

A chave para o sucesso de tratamentos ainda não padronizados como a crioablação do câncer de mama é o trabalho multidisciplinar por equipe bem treinada. A jornada do câncer de mama é complexa e a orientação e o apoio constante de um(a) cirurgiã(o) de mama experiente, assim como de um oncologista clínico e a interação com o(a) radiologista intervencionista e o(a) radioterapeuta são fundamentais para um tratamento bem-sucedido. Em um trabalho multidisciplinar bem desenvolvido, as pacientes têm mais chances de uma compreensão completa da extensão da sua doença e do risco de recorrência, além de um melhor entendimento dos riscos e benefícios das diversas opções de tratamento. O uso apropriado de testes genômicos e genéticos, o estadiamento linfonodal adequado, a compreensão sobre a terapia sistêmica e a radioterapia adjuvante são alguns dos elementos que compõem o tratamento do câncer de mama e devem estar presentes quando indicados, a despeito de existir a opção da terapia minimamente invasiva. Portanto, esta escolha pode ser possível desde que sustentada por um time de especialistas treinado e sintonizado para trabalhar em favor das pacientes.


Texto validado pelo Dr. Ricardo Freitas – médico radiologista intervencionista, pesquisador e Professor Colaborador da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. CRM-SP: 138.519

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